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Número de pretendentes é seis vezes maior que o de crianças disponíveis para adoção no Brasil

O Brasil conta atualmente com 5.240 crianças e adolescentes aptos à adoção, enquanto o número de pretendentes habilitados chega a 33.389. Apesar desse elevado número de interessados, a adoção tardia continua sendo um dos maiores desafios no país. Dados do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA), do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mostram que apenas 1.280 pretendentes (3,8%) aceitam adotar crianças entre 8 e 10 anos. Esse percentual cai para 2,3% (163 pessoas) no caso de adolescentes de 12 a 14 anos, e apenas 0,2% (84 pretendentes) se dispõem a adotar jovens entre 14 e 16 anos.

A maioria dos pretendentes ainda busca crianças pequenas: 31,7% (10.591 pessoas) desejam adotar crianças de 2 a 4 anos e 30,8% (10.317) preferem aquelas com idade entre 4 e 6 anos. Além da idade, outros fatores tornam o processo mais complexo: menores com deficiência representam 20% dos disponíveis para adoção, mas apenas 3,7% dos pretendentes aceitam essa possibilidade. Já os grupos de irmãos somam 1.686 crianças, mas somente 2,3% dos pretendentes consideram adotar mais de duas crianças, o que pode levar à separação desses grupos.

No Ceará, o cenário reflete as dificuldades nacionais. Atualmente, 173 crianças estão aptas à adoção no estado, mas 49 delas seguem em busca ativa, etapa em que o perfil da criança não corresponde ao que está sendo procurado pelos pretendentes.

Apesar disso, há avanços. A criação do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA), e posteriormente do Busca Ativa Nacional, tem contribuído para ampliar a visibilidade de crianças e adolescentes de “difícil colocação”, como aqueles com mais idade, com deficiência ou que fazem parte de grupos de irmãos.

Para a juíza Alda Maria Holanda Leite, titular da 3ª Vara da Infância e Juventude da Comarca de Fortaleza, a adoção deve ser um ato consciente e responsável, voltado ao melhor interesse da criança.

“É fundamental que os pretendentes reflitam sobre seus limites, mas também ampliem seus olhares. Cada criança tem uma história, e muitas delas só precisam de uma chance para viver em família. A adoção tardia, por exemplo, pode ser extremamente transformadora, tanto para quem adota quanto para quem é adotado”, destaca a magistrada.

Embora ainda seja tímido, o número de adoções tardias no Brasil cresceu 9,3% nos últimos anos, segundo o CNJ. Especialistas acreditam que esse avanço tende a aumentar à medida que campanhas de conscientização e políticas públicas continuem promovendo uma cultura de adoção mais inclusiva.

É jornalista desde 2018, especialista em mídia esportiva e foi CEO/Fundador do Portal Esporte News. Atuou como jornalista na TV União, radialista na Rádio Fortaleza FM (Câmara Municipal de Fortaleza) e na Rádio Dom Bosco FM. No Portal Mix Press, é CEO/Fundador e colunista, abordando cobertura de eventos, entretenimento e muito mais! | Insta: @joaopedrosilvareal Contato comercial: joaopedro@portalmixpress.com.br

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