Este mês é marcado por uma campanha de extrema relevância: o Setembro Amarelo, dedicado à conscientização e prevenção ao suicídio. Criada em 2015, pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), a iniciativa visa promover debates e esclarecer a sociedade sobre a importância de olhar com atenção para a saúde mental.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no mundo. No Brasil, as estatísticas também são alarmantes: em 2021, foram registrados mais de 14 mil casos de suicídio, o que equivale a uma taxa de 6,5 a cada 100 mil habitantes. Esses números destacam a urgência de se discutir o tema abertamente e com seriedade.
A Importância da Prevenção
Para André Carneiro, psicólogo especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), a prevenção ao suicídio passa, primeiramente, pela educação e sensibilização da sociedade. “É essencial que a população entenda que o suicídio pode ser prevenido e que a busca por ajuda deve ser incentivada. Muitas vezes, a pessoa que está em sofrimento não consegue pedir ajuda diretamente, por isso é tão importante que amigos e familiares estejam atentos aos sinais”, explica Carneiro.
Entre os sinais de alerta, o psicólogo destaca mudanças abruptas de comportamento, isolamento social, perda de interesse em atividades antes prazerosas, alterações no sono e no apetite, além de falas que indiquem desesperança ou desejo de morte. “Esses sinais não devem ser ignorados. Ao percebê-los, o primeiro passo é acolher a pessoa, demonstrar apoio e, em seguida, encaminhá-la a um profissional de saúde mental”, aconselha.
Intervenção Precoce e Apoio Familiar
A intervenção precoce é fundamental para evitar que o sofrimento psíquico evolua para uma crise mais grave. André Carneiro enfatiza que “quanto mais cedo a pessoa for encaminhada para o tratamento psicológico, melhores serão as chances de recuperação. A Terapia Cognitivo-Comportamental é uma das abordagens mais eficazes no tratamento da depressão e na prevenção do suicídio, pois ajuda o paciente a identificar e modificar pensamentos e comportamentos disfuncionais que alimentam o sofrimento”.
O apoio familiar também é crucial nesse processo. Famílias que acolhem e apoiam seus entes queridos, sem julgamento, criam um ambiente seguro para que eles possam expressar seus sentimentos e buscar ajuda. “O acolhimento e a compreensão são essenciais para que a pessoa se sinta valorizada e encorajada a buscar tratamento”, reforça o psicólogo.
O Impacto das Redes Sociais na Saúde Mental
No cenário atual, as redes sociais também desempenham um papel significativo na saúde mental. Apesar de serem plataformas de conexão e entretenimento, podem exercer efeito negativo, especialmente quando se cria uma distorção entre a vida real e a vida idealizada que muitas vezes é exibida online. “A comparação constante com padrões irreais de felicidade e sucesso pode levar ao agravamento de sentimentos de inadequação, isolamento e depressão”, alerta o psicólogo André Carneiro.
É importante que os usuários das redes sociais tenham consciência de que o que se vê na internet é, muitas vezes, uma versão editada e idealizada da realidade. “O uso consciente e crítico das redes sociais pode ajudar a mitigar esses efeitos negativos. Além disso, é fundamental promover uma cultura de autenticidade e empatia nas plataformas digitais”, sugere o especialista.
O Caminho para a Prevenção
A luta contra o suicídio exige um esforço coletivo. Campanhas como o Setembro Amarelo são essenciais para promover a conscientização e reduzir o estigma em torno da saúde mental. “Falar sobre o suicídio é o primeiro passo para preveni-lo. Precisamos criar uma sociedade mais empática e atenta aos sinais de sofrimento dos outros”, conclui André Carneiro.
Serviço:
Se você ou alguém que você conhece está enfrentando pensamentos suicidas, não hesite em buscar ajuda. O Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio emocional gratuito e sigiloso 24 horas por dia pelo telefone 188 ou pelo site www.cvv.org.br.