O cineasta, diretor e ator Lamarck Dias, natural de Aurora, no interior do Ceará, atingiu recentemente 1 milhão de visualizações no YouTube com seu último filme, Os Olhos de Alice, uma obra independente que retrata temas desafiadores e cotidianos de sua cidade natal. Este sucesso marca um passo importante na trajetória de Lamarck, que já prepara o lançamento de um novo longa-metragem, Uma Voz Chamada Francisca, previsto ainda para este ano, além da pré-produção de uma série.
Disponível no YouTube, Os Olhos de Alice narra a história de Alice (interpretada por Lua Oliveira), uma jovem que enfrenta abusos e adversidades em Aurora. A trama revela sua luta diária, abordando temas como o amor e o trauma, além de explorar a realidade de um prostíbulo e os desafios de seus frequentadores. Com roteiro assinado por Lamarck Dias e Alan Marinho, produção de Cheyenne Alencar e direção de Daniel Rizzi, o filme também conta com nomes como Marcos Wainberg e Miguel Nader, além de um elenco composto por atores locais, que contribuem para a autêntica representação da vida no interior.
Mas a produção de filmes independentes é uma realidade desafiadora “O cinema de interior é um verdadeiro desafio para seus produtores e, ao mesmo tempo, uma solidificação de sonhos” comenta Lamarck Dias. Ele acredita que o cinema nacional, especialmente o produzido no Ceará, é um importante veículo de representação social e cultural. Para Lamarck, essas histórias carregam uma identidade marcante e única do povo brasileiro.
“O nosso cinema é de uma importância muito significativa,” destaca o diretor, e ele ainda continua “Quando olhamos para grande parte das produções brasileiras, percebemos uma identidade cultural muito própria, profundamente enraizada na realidade brasileira. Desde a década de 70, 80 e 90, o cinema brasileiro desenvolveu uma maneira única de se expressar, refletindo as complexidades do cotidiano do nosso povo. Exemplos como o terror de José Mojica Marins, o eterno Zé do Caixão, até as produções atuais que ganham força, mostram que o Brasil tem uma expressividade própria e marcante. Em obras como Pacarrete, de Allan Deberton, e Cabeça de Nêgo, de Déo Cardoso, podemos ver histórias simples, mas que capturam a essência da vida brasileira.”
Lamarck Dias é um ativista cultural dedicado ao desenvolvimento social através da arte. Para os próximos projetos, ele e sua equipe têm o objetivo de expandir a visibilidade do cinema cearense, levando suas obras para grandes centros como Rio de Janeiro e São Paulo e firmando o cinema de interior como uma potência no cenário nacional.
O diretor acrescenta: “Nosso cinema traduz de maneira naturalista a vida e os desafios brasileiros, com temas que convidam ao debate e à reflexão. Além de ser um meio de expressão cultural, o cinema também é um fator econômico: ele movimenta a economia, gera empregos e leva a arte para novos públicos. É essencial que o poder público enxergue o potencial do cinema como uma força de transformação social e valorização das regiões do interior do país.”